Rebio do Gama sofre com ocupações irregulares e degradação do solo
- Luís Monteiro
- 23 de out. de 2017
- 3 min de leitura

Com uma área que existe desde 1961, a Reserva Biológica (Rebio) do Gama faz parte de uma rede de cinco reservas biológicas no Distrito Federal. Em comum com todas as Rebios da Capital, a do Gama também sofre com invasões e ocupações irregulares.
A Reserva Biológica do Gama teve o primeiro espaço territorial legalmente protegido no Distrito Federal, criado em 1961, sendo denominado inicialmente Parque Municipal do Gama, com área de 790 hectares. Posteriormente, uma parcela foi transformada no Parque Recreativo do Gama, com objetivos de lazer e recreação. O restante da área foi recategorizado, formando a Reserva Biológica do Gama, com o objetivo de garantir a preservação da mata ciliar do Ribeirão Alagado e sua fauna, além de proteger as encostas íngremes da região, extremamente susceptíveis aos processos erosivos.
Esta recategorização realizada na Reserva Biológica do Gama foi imposta pelo Decreto no 29.704, de 17 de Novembro de 2008.
A Rebio também visa proteger, conservar e manejar de forma sustentável todo o complexo florestal e ambiental ali existente, desde espécies vegetais, animais, cursos d'água e demais elementos dos componentes do acervo da área.
Os esforços de preservação da área são altamente prejudicados pelo fato de a Reserva não abrigar as nascentes e o alto curso do Rio Alagado, que recebem elevadas descargas de efluentes (doméstico e industrial) e drenagem pluvial da área urbana. Sua área é limítrofe ao Parque Recreativo do Gama, conhecido como Prainha.
A Reserva na última década sofreu bastante com invasões. Em notícia publicada há 10 anos (2017), o jornal Correio Brasiliense já informava que a área de preservação sofria com ocupação desordenada -- o que causou degradação do solo. O problema acontece em todo o DF e não apenas nesta região. Segundo a matéria mais recente do mesmo veículo, o DF vem devastando o cerrado rapidamente. Enquanto Maranhão e o Piauí , por exemplo, conta com cerca de 90% do cerrado preservado, o DF tem apenas 50% da área intacta.
"Esse número é muito alto se pensarmos que o DF existe há pouco tempo. Isso mostra que a ocupação do solo foi desordenada e a vegetação natural está ameaçada. Condomínios irregulares, assentamentos criados sem nenhum planejamento e a construção de casas em locais indevidos ressaltam o problema. Precisamos urbanizar essas áreas e incentivar a população a reflorestar os lugares que tiveram a vegetação retirada, como Samambaia e Recanto das Emas", declarou o subsecretário de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente da época (2007), Gustavo Souto Maior.
E em outra notícia, de janeiro de 2017, segundo a Agência Brasília, é relatado o mesmo problema que persiste até hoje, 10 anos depois. A notícia relata que ‘’A ocupação irregular é uma das ameaças a que está submetida a Reserva Biológica do Gama. A área tem 136 hectares e deve ser protegida por causa da mata ciliar do Rio Alagado. O relevo é acidentado, com encostas íngremes e suscetíveis à erosão. Por isso, as construções ilegais no interior da unidade, resultado do parcelamento das chácaras vizinhas, é extremamente prejudicial’’.
Administrada pelo Ibram (que também administra outras 3 Reservas Biológicas no DF), a Rebio do Gama, além de sofrer com o mesmo problema há mais de 10 anos, também não tem perspectivas clara de mudança no sentido de fortalecer a sua preservação. Não há notícias de projetos ou planos governamentais da capital para ajudar esta reserva que, a cada ano que passa, tem o seu solo mais degradado.
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